História
E foi assim que tudo começou ...
"... O pioneiro Joaquim Severo Batista vivia sossegadamente em São Simão, Estado de São Paulo, casou-se com sua prima Maria Teodora. Formou uma fazenda de café e nas horas vagas trabalhava de alinhador de café nas fazendas vizinhas.
Nos rumos do destino ocorre um acontecimento que viria torcer o caminho pacato e feliz de sua vida.
Tendo ido visitar um amigo na cidade vizinha de Pedra Branca, levando para a filha deste de presente, "um casal de periquitos" e em conversa com o seu amigo Doutor Pedro, soube das terras "devolutas do Norte do Paraná, sendo Presidente da época desta Província o Doutor Brasílio Machado, ex-promotor público.
Joaquim Severo Batista, moço jovem, inteligente e ambicioso, interessou-se francamente pelas terras, de volta a São Simão confabulou com Tinhano, seu irmão e conselheiro, sobre o caso, calculado os prós e contra, houve por bem enviar este para Curitiba, para tentar legitimar as terras.
Batista convicto de que adquiri-las seria um bom negócio, despede-se de seus familiares, parte a cavalo com um camarada de sua confiança, Elias, rumo a cidade de Castro no Paraná, que era sede da Comarca de todo o Setentrião Paranaense.
Sertão à dentro, atravessaram de Norte a Sul a Província de São Paulo por caminhos escusos, dormindo sobre couros de boi ao relento, passando por matas virgens e selvagens.
Depois de longos dias, chegaram em Campos Novos, ficaram alguns dias para breve descanso e recuperação das forças. Partiram de Campos Novos, atravessaram o Rio Paranapanema numa canoa pequena e os animais a nado, pisando finalmente nas terras do Norte do Paraná - o Valuto - como era chamado pelos caboclos do lado paulista apontando essas serranias que azulavam no horizonte.
A sua impressão foi de pasmo, terras ótimas no fundo e na forma, "terra roxa", sem manchas deixando transparecer pelo leito dos caminhos, depois das chuvas, uma escumilha negra, parecendo pólvora derramada "a nata da fertilidade", deixando entrever os melhores padrões de terras verdadeiramente boa para o café e por toda parte a vegetação virgem, sertão bruto, onde até então desbravador ousará violar.
Severo Batista prosseguiu atravessando encantado essa terra rústica, cheia de entusiasmo, sentia no peito a fúria selvagem da floresta, feita pelas mãos apressadas de mãe natureza, por dias e dias continuaram a caminhada, até que em umas das tardes de melancolia avistaram boquiabertos os vastos campos verdes e luminosos de Castro, haviam sido percorridos a cavalo, mais ou menos 1500 km.
Ali encontrou Batista, cartas do irmão com as instruções recebidas, procedeu a justificação de sua posse perante o juiz local, remetendo a seguir esse documento ao presidente da província, solicitando ainda a nomeação de um juiz comissário, nomeação que recaiu na pessoa do agrimensor João Alves de Oliveira Negrão.
Partiram ambos e alguns camaradas para o local das terras, os trabalhos foram iniciados pela cravação do marco principal esquerda ao Rio Paranapanema, daí desceram até o Pontal (São Joaquim do Pontal), isto é, até a confluência deste com o Rio Cinzas, subiram este, mas no ponto Barreiro Grande, pouco abaixo da Foz do Laranjinha", numa madrugada apareceram os bugres (índios), chefiados por um cacique, querendo saber o que a turma fazia ali, responderam-lhes que estavam colhendo plantas medicinais, foram embora.
Mesmo temerosos Batistas e seus camaradas, arrumaram seus pertences estavam levantando acampamento, quando os bugres ressurgiram, trazendo punhados de raízes, cascas, cipós e sementes, explicando a sua aplicação na medicina e desta vez foram os índios embora, ainda mais contentes, por levarem em paga dos presentes, machados, foices, facões de mata, de muita utilidade para eles.
Prosseguiram então mais sossegados, subindo o Rio Cinzas e do ponto denominado Barranco Vermelho, torceu o agrimensor num ângulo de 90 graus, caminhando durante muitos dias numa reta, foram defrontar em cheio, por acaso, sobre o marco inicial, onde teve princípio a medição, foi uma alegria, mais de um ano, havia os homens passados nesse ambiente.
No dia seguinte Negrão e Batista partiram em demanda para a Capital, levando os apontamentos dos serviços feitos para a organização do mapa e memorial descritivo.
Seu irmão Tinhano já os aguardava em Curitiba para a conclusão do processo de legitimação, processo que depois de pagas as taxas, foi julgado por sentença do presidente da província, concedendo a Joaquim Severo Batista, o título de senhor e possuidor de uma área de 40.000 alqueires, certidão esta, datada em 30 de março de 1885. Partiram a seguir para São Simão, contentes e vitoriosos, fatos narrados no ano de 1885.
No ano de 1931, Joaquim Severo Batista Filho, filho de Severo Batista, requereu do Senhor Secretário do Interior, Justiça e Obras Públicas, uma nova certidão de posse das terras, datada esta no ano de 1931, nº 175, do Livro B nº 01, folhas 144 e 145, no dia 28 de abril de 1931.
Batista Filho, agora senhor destas terras precisou travar luta com intrusos (grileiros) e assim através de acordos nem sempre vantajoso, as terras foram passando para novos dons, era a lei do mais forte.
Quando o Coronel Batista vendeu para o seu genro Lázaro Gomes, uma fazenda nesta região, doou 35 alqueires para a Câmara da Prefeitura de Jacarezinho. Data do ano de 1922 o inicio do povoamento da região, onde localiza-se o atual Município de Itambaracá.
A formação do patrimônio nas terras férteis e roxas do Norte do Paraná, já se encontrava em voga e constituía uma modalidade nova e diferente da divisão e distribuição das terras a pequenos agricultores, que teriam nesses patrimônios a assistência de que necessitavam nos primeiros tempos do seu estabelecimento e fixação ao solo; a formação de patrimônio ficava circunscrita à iniciativa privada, companhias imobiliárias ou firmas individuais, proprietários de grandes áreas de terra que promoviam o loteamento das mesmas, originando-se os centros urbanos, circundados por um cinturão verde, onde surgiam as lavouras de café.
A fundação de Itambaracá fugiu um pouco dessa rotina, foi organizado por iniciativa da Prefeitura Municipal de Jacarezinho (Câmara) e não por atividade particular.
Inicialmente recebeu o nome de Jaborandi, o novo cetro urbano fundado em meados de 1922, compreendendo o loteamento de uma gleba de 35 alqueires de terras, localizadas as margens do Córrego Jaborandi, tendo esse nome devido a abundancia dessa planta medicinal de propriedades diuréticas e uxoricidas.
A colonização e povoamento do novo patrimônio, Jaborandi, teve início quando desbravadores quase anônimos e aventureiros de diversas procedências passaram pela localidade e se extasiaram diante da exuberância e fertilidade das terras, muito próprias ao desenvolvimento da agricultura e da pecuária, dotada de incalculáveis reservas florestais, onde vicejavam abundante as mais preciosas e importantes madeiras de lei.
Através da propaganda espontânea difundida por toda à parte e principalmente nas regiões já colonizadas, o patrimônio Jaborandi, não tardou a despertar interesse de verdadeiros homens de visão que desejavam fundar um núcleo agrícola de onde pudessem tirar os produtos indispensáveis a manutenção própria e de suas famílias.
Foi assim que se fixaram na localidade como pioneiros de sua colonização, o CAPELÃO JOÃO FAUSTINO, grande pregador da religião católica e incansável catequizador, fundador da 1ª Capela, o qual conseguiu atrair com sua palavra de fé e denodada confiança no futuro da região; outros pioneiros que aqui chegaram: Luiz Antonio Rodrigues, (Luiz Capanga), Manoel da Silva Machado, Antonio Parralego, Moacir Correa, Lázaro Gomes Pinto, José morais e muitos outros.
A família de LÁZARO GOMES PINTO se destacou como implantadora da cultura de café e incentivadora do comércio local; JOSÉ MORAIS foi o 1º comerciante, em sua venda podia-se comprar qualquer espécie de mercadoria necessária, desde comestíveis e roupas, até cordas, enxadas, foices, facões e querosenes, além disso, num estrado colocado na extremidade do balcão era servido café e pinga (cachaça); seguido de ANTONIO PARRALEGO com uma venda de secos e molhados, tecidos e etc.
O 1º Hotel do Patrimônio Jaborandi foi denominado de "Hotel Santa Maria" (hoje residência da Família Maluf), que pertencia a MANOEL DA SILVA MACHADO, homem dotado de grande visão, que foi comerciante, introdutor de beneficiamento de cereais; LUIZ ANTONIO RODRIGUES (Luiz Capanga) dedicou-se ao desbravamento das matas, formando novos núcleos populacionais, sendo o 1º na criação de gado vacum e suíno, foi ainda o proprietário do 1º automóvel que entrou no Patrimônio Jaborandi.
O percurso de 36 quilômetros entre Cambará, pólo (cidade) mais importante naquela época e esta localidade foi feito em 03 dias de viagem, é que não havia estradas de rodagem, somente trilhos mal formados, sendo esse tempo gasto na abertura de caminhos por onde deveria passar o automóvel; MOACIR CORREA, grande fazendeiro da região, plantador de café foi responsável pela vinda dos japoneses a este município. Foi buscar no Porto de Santos o 1º grupo, contendo 19 famílias nipônicas, sendo também o 1º a possuir um caminhão que transportava 25 sacas de café.
A primeira rodovia que ligou Jaborandi a Sussí no Estado de São Paulo, hoje desativada, foi aberta pelos colonizadores acima referidos, no qual foram auxiliados pela Prefeitura Municipal de Jacarezinho.
Com o desmembramento do Município de Jacarezinho em virtude da criação do Município de Cambará, o Patrimônio Jaborandi passou a integrar o território desse último, recebendo notável impulso no seu progresso.
Por essa época outro senso progredia e desenvolvia graças à administração do Prefeito de Cambará, Bráulio Barbosa Ferraz, era o Patrimônio de Ingá, que por Decreto Estadual nº 347 de 30/03/1935 foi elevado a Distrito de Cambará, ao qual Jaborandi ficou jurisdicionado.
Em virtude do Decreto-Lei nº 199 de 31/12/1943, o Distrito de Ingá foi elevado à categoria de município, com a denominação de Andirá e o Patrimônio Jaborandi a categoria de Distrito Administrativo de Andirá com a denominação de Itambaracá.
O nome Jaborandi foi mudado por político influente da época: Sebastião Resende, Moacir Correa, Antonio Tempeste e outros, segundo fontes de pesquisas, o nome foram mudado porque descobriram que já existia no Estado de São Paulo, um povoado mais antigo, com o mesmo nome, ou seja Jaborandi, então resolveram que o Distrito Administrativo passaria a denominar Itambaracá, que na linguagem indígena significa Ita = pedra + maracá = amor, Pedra do Amor.
Itambaracá elevado a Distrito se expandia cada vez mais e o cultivo de café, feijão e milho floresciam largamente na terra recém desbravadas, transformando-a de solo inóspito em terras produtoras de riquezas. Na sede foram feitas demarcações de ruas e avenidas, tomou uma forma urbana, estradas eram abertas ligando o Distrito a centros maiores, facilitando o escoamento da produção agrícola e pecuária para os pólos consumidores.
Por força da Lei Municipal nº 81 de 21/09/1953 da Prefeitura Municipal de Andirá, o Distrito de Itambaracá perdeu parte de seu território em virtude da criação do Distrito de São Joaquim do Pontal e pelo Decreto-Lei Estadual nº 32 de 07/02/1955, Itambaracá finalmente conseguiu sua emancipação, e elevado que foi a categoria de Município, passando a administrar também o Distrito de São Joaquim do Pontal. Aos habitantes da região dá-se o nome de Itambaracaenses.
E 03/10/1955, foram realizadas as primeiras eleições municipais, sendo que os concorrentes foram os senhores: Horácio Cheira (PTB), Doutor Ubirajara de Morais Condessa (PSD), João Batista Vieira (PSP – UND). Vencendo o primeiro concorrente, Horário Cheira, ocorrendo a instalação do Município e posse do 1º Prefeito no dia 30 de novembro de 1955, sendo esta data até hoje, comemorada como sendo a de Emancipação Política de Itambaracá (aniversário da cidade).
PROCESSO HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DA REGIÃO E DO MUNICÍPIO
Ocupação histórica da região norte do Paraná
Segundo BALHANA (1996), foi somente a partir de 1860 que penetraram pelos cursos superior e médio do Itararé, fazendeiros paulistas e mineiros, os quais iniciaram plantações de café e a formação de fazendas Norte Paranaense.
As fazendas, nesta fase, constituíam-se em grandes propriedades, sendo que a produção destas fazendas eram todas escoadas para São Paulo e as técnicas agrícolas e o regime de trabalho eram todos um prolongamento das práticas tradicionais paulistas.
De acordo com o referido autor, a penetração mais expressiva e povoadora, só seria iniciada no início do século XX, quando a conjuntura nacional tornaria procuradas e preferidas, para o café, as terras férteis do Paraná.
BALHANA (1969), afirma que nas primeiras décadas do século, com a fundação de Jacarezinho, em 1900, Cambará, em 1904, Bandeirantes, em 1921 e Cornélio Procópio, em 1924, foram proporcionadas com a chegada a Ourinhos (1908) dos trilhos da estrada de Ferro Sorocabana, com isso realizou-se a colonização da área entre o rio Itararé e o rio Tibagi, caracterizada também pela ocupação espontânea dos fazendeiros que, como empresa privada, individual, estabeleciam as suas fazendas em terras adquiridas na região. Esta ocupação estende-se até às margens do Rio Tibagi e completa-se no decênio de 1920.
Contudo, não ocuparam toda a extensão da área, por completo, restando terras à sua retaguarda, que seriam mais tarde ocupadas, inclusive por colonização dirigida, como foi o caso da colônia de Assai.
De acordo com EL KHATIB (1969): a maneira como se deu a ocupação das terras constituiu-se num fenômeno peculiar na história do Paraná, tendo como resultado a conjunção de vários fatores, dentre os quais destacam:
"A qualidade das terras; a evolução da cafeicultura paulista neste período; o surto de industrialização de São Paulo a partir da década de 30 e a situação da economia nacional no contexto internacional, depois da crise de 1929."
Neste sentido, entende-se que a cultura do café foi responsável pela ocupação do Norte Paranaense, pois encontrou uma combinação conveniente de solos e climas favoráveis.
Fundação do município e seu histórico:
Segundo BURFFERLY (1958) a cidade de ltambaracá foi fundada pela Prefeitura Municipal de Jacarezinho que, em 1922, era possuidora de 35 alqueires de terras às margens do córrego Jaborandi. Dividida e demarcada esta área, formou-se ali um pequeno povoado que recebeu o nome de Jaborandi, por estar situada às margens do córrego do mesmo nome.
Os primeiros habitantes deste povoado foram os senhores António Parralego, Luiz António Rodrigues, João Alves, Manoel da Silva Machado, Lázaro Gomes Pinto, Major Florêncio e o Capelão João Faustino.
Com a criação do Município de Cambará, o patrimônio de Jaborandi passou a fazer parte deste último. Pelo Decreto-lei n° 199 de 31 de dezembro de 1943, foi criado o Município de Andirá, do qual Jaborandi passou a fazer parte como Distrito Administrativo, porém com a denominação de Itambaracá.
Pelo Decreto-lei estadual n° 32 de 7 de fevereiro de 1955, Itambaracá foi elevado à categoria de Município, tendo como primeiro Prefeito Municipal, eleito, o Sr. Horácio Cheira.
O Município de Itambaracá limita-se com os Municípios de Andirá, Santa Mariana, Bandeirantes e com Estado de São Paulo (rio Paranapanema).
Segundo WACHOWICZ (1988): o pioneiro Joaquim Severo Batista, vivia em São Simeão, Estado de São Paulo, onde se casou com sua prima Maria Teodora, com quem formou uma fazenda de café. Em visita a um amigo na cidade vizinha de Casa Branca, Doutor Pedro, ficou sabendo das terras devolutas na porção norte do Paraná. Nessa época era presidente da província paranaense o Dr. Brasílio Machado:
"Joaquim Severo Batista interessou-se pelas terras, enviando seu irmão Tinhano, para Curitiba com a intenção de legalizar as terras. Logo em seguida, Batista e o camarada Tião dirigem-se para Castro, que era sede da Comarca de todo o setentrião paranaense".
Foram muitos dias de viagens pela mata ou por caminhos escusos, atravessaram o rio Paranapanema em uma pequena canoa, quando finalmente pisou nas terras paranaenses, Batista ficou maravilhado com as terras férteis que ali avistou, pois logo reconheceu que o padrão da terra era verdadeiramente boa para o café.
Prosseguindo em sua viajem. Severo Batista até chegar em Castro, onde encontrou cartas de seu irmão. Nessas cartas havia as instruções recebidas, procedeu então a justificação de sua posse perante ao juiz local, remetendo ainda a nomeação de um Juiz Comissário, nomeação esta que recaiu na pessoa do Agrimensor João Alves de Oliveira Negrão.
Feito o registro das terras, Batista e mais alguns camaradas, dirigiram-se para o local das terras, onde deram início aos trabalhos, começando pela cravação do "marco" principal a margem esquerda do rio Paranapanema, daí, desceram até o pontal (São Joaquim do Pontal) ou seja, onde existe a confluência do Rio Cinzas com o rio Paranapanema , subiram o montante deste, mas no ponto Barreiro Grande, pouco abaixo da foz do Laranjinha, onde, em uma noite, encontraram alguns Bugres (índios), os quais queriam explicações sobre a presença deles ali.
Para justificar aos bugres, Batista disse-lhes que estavam recolhendo plantas medicinais, o que fez com que os índios se retirassem, mas temerosos, Batista e seus camaradas decidiram levantar acampamento, quando surge, de volta, os bugres com várias plantas e sementes, que por sua vez, foram trocados por foices, facões, machados e outros pertences de grande utilidade para os índios.
Batista e seus homens, mais tranqüilos, prosseguiram viajem, a montante do Rio Cinzas e do Porto denominado Barranco Vermelho, onde o Agrimensor num ângulo de 90 graus, caminharam durante muitos dias numa linha reta, defrontando , por acaso, sobre o "marco inicial", onde teve princípio a medição.
No dia seguinte. Negrão e Batista partiram em demanda para a capital, levando os apontamentos dos serviços feitos para a organização do mapa e memorial descritivo.
A estas alturas, seu Irmão Tinhano já os aguardava em Curitiba para a conclusão do processo de legitimação, processo que depois de pagas as taxas, foi julgado por sentença do Presidente da Província, o qual concedeu a Joaquim Severo Batista, o título de senhor possuidor de uma área de quarenta mil alqueires, certidão esta, datada em 30 de março de 1885.
No ano de 1931, Joaquim Severo Batista Filho, filho de Severo Batista, requer do senhor Secretário do Interior, Justiça e Obras Públicas, nova certidão de posse das terras, datada no ano de 1931, número 175, do livro b n° 01, folhas 144 e 145, no dia 28 de abril do mesmo ano.
De posse das terras, Batista Filho, teve que travar luta com intrusos (grileiros) e, assim através de acordos as terras foram passando para novos donos, pois prevalecia a lei do mais forte.
A formação de patrimônios nas terras férteis do Norte do Paraná já se encontrava em voga e constituía-se uma modalidade nova e diferente, da divisão e distribuição das terras a pequenos agricultores, que teriam nesses patrimônios, a assistência de que necessitavam nos primeiros tempos do seu estabelecimento e fixação ao solo.
A formação do patrimônio de Itambaracá ficou circunscrito à iniciativa privada, companhias imobiliárias ou firmas individuais, proprietários de grandes áreas de terras que promoviam o loteamento das mesmas, originando-se os centros urbanos, circundados por um "cinturão verde", onde surgiam as lavouras de café.
A fundação foi organizada por iniciativa da prefeitura Municipal de Jacarezinho (Câmara Municipal) e não por atividade particular. Inicialmente recebeu o nome de Jaborandi e o novo centro urbano foi fundado em meados de 1922, compreendendo o loteamento de uma gleba de 35 alqueires de terras, localizadas às margens do córrego Jaborandi, tendo esse nome devido a abundância dessa planta medicinal de propriedades diuréticas e oxiuricidas.
A colonização e povoamento do novo patrimônio (Jaborandi) teve início quando desbravadores quase anônimos e aventureiros de diversas procedências passaram pela localidade e se extasiaram diante da exuberância e fertilidade das terras, muito apropriadas ao desenvolvimento da agricultura e da pecuária, dotada de incalculável reserva florestal, onde vicejavam abundantemente as mais preciosas e importantes madeiras de lei.
Devido a essa propaganda espontânea difundida por toda a parte e principalmente nas regiões já colonizadas, o patrimônio de Jaborandi não demorou muito para despertar o interesse de homens com visão progressista e, que desejavam fundar um núcleo agrícola de onde pudessem tirar os produtos indispensáveis à manutenção própria e de suas famílias.
Dessa forma, muitos começaram a fixar-se na localidade, como pioneiros de sua colonização.
Famílias pioneiras:
Dentre as famílias pioneiras do município de Itambaracá podemos destacar o Capelão João Faustino, que foi grande propagador da religião católica e um incansável catequizador, fundador da primeira capela, o qual conseguiu atrair com sua palavra de fé e denodada confiança no futuro da região.
Outros pioneiros como Luiz António Rodrigues , mais conhecido como Luiz Capanga, Manoel da Silva Machado, António Parralego, Moacir Corrêa, Lázaro Gomes Pinto e José Morais e outros, também muito contribuíram para o desenvolvimento do município e da região.
A família de Lázaro Gomes Pinto se destacou como implantadora da cultura do café e incentivadora do comércio local, José Morais, foi o primeiro comerciante, sendo que em sua venda encontrava-se de tudo, desde produtos comestíveis e roupas até cordas, enxadas, querosene, além disso, no balcão era servido café e pinga.
Antônio Parralego também possuía uma venda de secos e molhados, tecidos, etc., porém de menor porte que o seu concorrente. O primeiro hotel do patrimônio foi denominado de "Hotel Santa Maria" atualmente, trata-se da residência da família Maluf.
Seu primeiro dono foi o Sr. Manoel da Silva Machado, homem dotado de grande visão, foi comerciante e introdutor de máquinas de beneficiamento de cereais.
Já, Luiz António Rodrigues (Luiz Capanga), dedicou-se ao desbravamento das matas, formando novos núcleos populacionais, sendo o primeiro na criação de gado bovino e suíno.
Foi ainda o proprietário do primeiro automóvel que circulou no patrimônio de Jaborandi. Devemos destacar que o percurso de 36 quilômetros entre Cambará, pólo mais importante do período, foi realizado em três dias de viagem, pois não havia estrada de rodagem, somente trilhos mal formados, sendo esse tempo gasto na abertura de caminhos por onde deveria passar o automóvel.
Outro pioneiro que deve ser enfatizado é o Sr. Moacir Corrêa, Grande fazendeiro de café na região, foi ele o responsável pela vinda dos imigrantes japoneses para o município de Jaborandi, pois foi buscar no porto de Santos o primeiro grupo, contendo 19 famílias nipônicas.
Observa-se ainda que, o Sr. Moacir foi o primeiro proprietário no município de um caminhão que transportava 25 sacas de café.
Evolução histórica do município
Com o desmembramento do município de Jacarezinho em virtude da criação do Município de Cambará, o patrimônio de Jaborandi passou a integrar ao território desse último, recebendo notável impulso no seu progresso.
Nesta época outro centro progredia e se desenvolvia graças a administração do prefeito de Cambará, o Sr. Braúlio Barbosa Ferraz, era o patrimônio de Ingá, que por decreto estadual n° 347 de 30 de março de 1935 foi elevado a distrito de Cambará, ao qual Jaborandi ficou jurisdiciado, em virtude do decreto lei n° 199 de 31 de dezembro de 1943.
O distrito de Ingá foi elevado a categoria de Município, com a denominação de Andirá, e o patrimônio Jaborandi passou à categoria de Distrito Administrativo de Andirá, com a denominação de Itambaracá.
O nome de Jaborandi foi mudado por políticos influentes na época, tais como: Sebastião Resende, Moacir Corrêa, António Tempeste e outros. Segundo dados históricos, o nome foi mudado porque descobriram que já existia no Estado de São Paulo um povoado mais antigo, com o mesmo nome, ou seja, Jaborandi (SP), então resolveu-se que o distrito passaria a denominar-se Itambaracá, que na linguagem indígena significava "Pedra do Amor".
Itambaracá , sendo elevado a Distrito expandia-se cada vez mais e os cultivos de café, feijão e milho floresciam largamente na terra recém desbravada, transformando-a de solo inóspito em terras produtoras de riquezas. Na sede foram feitas demarcações de ruas e avenidas, tomou forma urbana, estradas eram 15 abertas ligando o Distrito aos centros maiores, facilitando o escoamento da produção agrícola e pecuária para os pólos consumidores.
Pela Lei Municipal n° 81 de 21 de setembro de 1953, da Prefeitura Municipal de Andirá, o Distrito de Itambaracá, perdeu parte de seu território em virtude da criação do Distrito de São Joaquim do Pontal e pelo Decreto Lei Estadual n° 32 de 07 de fevereiro de 1955, Itambaracá conseguiu sua emancipação, o qual foi elevado à categoria de Município, passando a administrar também o Distrito de São Joaquim do Pontal. Aos habitantes do município dá se o nome de itambaracaenses.
Em 03 de outubro de 1955, foram realizadas as primeiras eleições municipais, sendo que os concorrentes foram os senhores: Horácio Cheira (PTB), Doutor Ubirajara de Morais Condessa (PSD), e Joaquim Batista Vieira (UDN).
Vencendo o primeiro concorrente. Observa-se que a posse do primeiro prefeito e a instalação do município deu-se no dia 30 de janeiro de 1955, sendo esta data até hoje comemorada como sendo a emancipação política de Itambaracá.
Considera-se como padroeiro de Itambaracá São Francisco Xavier, sendo escolhido este devido ao fato verídico de que o Sr. José Luiz Teixeira, homem católico e fervoroso, doou o terreno para a construção da 1ª Capela (hoje no local foi construído o Santuário de Nossa Senhora Aparecida) como era devoto de São Francisco Xavier, rogou ao clero e a comunidade que este santo fosse o padroeiro da cidade, essa comemoração dá-se no dia 3 de dezembro oficializada.
DISTRITO DE SÃO JOAQUIM DO PONTAL
O Sr. Joaquim Alves de Toledo, vulgo Joaquim Dama, Cândinho Forte,Os Irênios, Ataliba Gomes, Os Parralegos e outros fazendeiros, foram os pioneiros deste lugar maravilhoso.
O Sr. Joaquim Dama homem muito católico e devoto do "Santo São Joaquim", resolveu prestar-lhe uma homenagem, doou terras para formação do vilarejo, deu o nome do santo: SÃO JOAQUIM e acrescentou PONTAL (o que significa o encontro dos dois rios: Paranapanema e Cinzas) e assim originou-se o nome: SÃO JOAQUIM DO PONTAL.
O ilustríssimo Joaquim Dama fez a doação de 5 terrenos para a comunidade: campo (Estádio de Futebol Joaquim Dama), Igreja Católica, a Cadeia, a Escola (Escola Estadual Mirazinha Braga e hoje também Escola Municipal João Manoel Munhoz), o cemitério (retirado a 1km), já que idealizou que o lugar iria crescer muito.
Para a derrubada da mata virgem que era abundante, e para abrir as ruas e estradas utilizou o lombo de burros, foices, machados, enxadas, ferramentas essenciais na época, também planejou e fez loteamentos, de partes de suas terras, onde vendeu aos imigrantes: italianos, espanhóis, portugueses, japoneses e moradores de outros Estados do Brasil: Alagoas, Bahia, Sergipe, Mato Grosso, São Paulo, Pernambuco,etc..., para a formação de sítios, chácaras e pequenas fazendolas.
Os imigrantes e emigrantes chegando aqui, encontraram uma maravilhosa paisagem, com lugares exóticos, árvores monumentais, diversos tipos de animais, arbustos de capoeirão, rios com variedades de peixes e em abundância e principalmente uma terra rica e produtiva para o plantio de café.
Começou a partir desse momento, a transformação do lugar pela ação do homem, derrubaram as matas e começaram a grandes plantações de café, que no tempo da florada era chamada de Ouro Branco, como o trabalho na lavoura era todo braçal, desde o início (plantar, capinar, cultivar, derriçar, lavar, secar e o armazenamento) utilizava-se o trabalho de muitas pessoas, tinha-se muito dinheiro, surgindo assim a expansão do comércio, (armazéns, e vendas, bares, farmácias, açougues, cartório de registro, posto de polícia, dentistas, barbeiro, costureiras e etc.)
Alguns terrenos doados pelo Senhor Joaquim Dama, foram negociados por outros, devido serem localizados em local de difícil acesso, os moradores através de reuniões, resolveram barganhar o terreno da Igreja Católica, da Escola, e da Cadeia, com outros terrenos do Senhor "Teodomiro Alves de Brito , conhecido como Tio Domiro ", vereador na época , onde até os dias de hoje funciona a Igreja, e a Escola .
O Distrito que antigamente era só progresso, com o êxodo rural e fatores sócios econômicos, passou por mudanças bruscas e radicais, famílias inteiras procuraram novos rumos, não existem mais as grandes colônias, estagnou-se no tempo devido ser a sua localização fora do eixo progressista e de não ter uma ponte na travessia para o Estado de São Paulo, conta com mais ou menos hoje com 300 habitantes na área urbana possui 01 mini-posto de saúde, 01orelhão e 1 centro telefônico, 1campo de futebol, 10 casas populares, 01 creche, alguns comércios, bares, igrejas e escola.
A instrução escolar era dada em uma choupana de madeira, pela professora Antonia Maria Tiago, onde hoje no terreno esta em funcionamento a Igreja Congregação Cristã do Brasil.
Com o aumento da população, a pequena escola não comportava todas as crianças e foi necessário, a construção de um Grupo Escolar, com salas de aulas amplas e arejadas, pátio, cozinha, banheiros, jardins, horta e muito espaço físico para os alunos.
Inaugurada em agosto de 1961, foi a primeira escola implantada na gestão do Governador do Estado do Paraná, Nei Amintas de Barros Braga, onde recebeu o nome da mãe do governador, Semirames de Barros Braga, apelidada de Mirazinha Braga e pelo Decreto Estadual nº 7457 de 29/03/62 foi denominada Grupo Escolar Mirazinha Braga, chegou a funcionar com três períodos diários, sendo que o números de estudantes eram relevantes.
Nos dias de hoje, a escola funciona na Rua Constancio Jussiani, no período matutino, com a Escola Municipal João Manoel Munhoz que oferta - Educação Infantil e Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries) e no período vespertino, A Escola Estadual Mirazinha Braga – Ensino Fundamental (5ª a 8ª séries), onde muitos alunos já estudaram e estudam até hoje.
A 1ª Igreja Católica era feita de tábuas, com uma enorme escadaria na entrada, era bem arejada com amplas janelas, hoje o terreno faz parte da Igreja Congregação Cristã no Brasil.
A 2ª igreja Católica foi no barracão do Tio Domiro, era de madeira, maior e estava improvisada, ao lado tinha um "coreto" de tabuinha e coberto de sapê, era suspenso do chão, embaixo ficava os animais que seriam leiloados, em cima ficava o cantador de leilão, faziam-se muitos leilões para arrecadar fundos, para a construção da nova capela, hoje o local está, entre o bar do Bambú e a igreja atual.
A 3ª igreja católica é de alvenaria, localiza-se num terreno maior e no centro, a comunidade católica, liderada pelos senhores Santo Branco, João Manoel Munhoz e outros lideres, juntamente com o "Padre Lessa" (in memorian) e o pedreiro "Aristeu Jussiani" (in memorian), construíram a nova Igreja, com uma praça na frente para o lazer da comunidade, e o primeiro casamento realizado foi o de "Maria Margarida Jussiani (in memorian) e Renato Guerra".
Atualmente há diversas igrejas, como: Católica, Assembléia de Deus, Congregação Cristã no Brasil, Deus e Amor.
São Joaquim do Pontal, como toda "cidadezinha interiorana" (distrito), tem seus causos, lendas e fatos verídicos, a partir daqui, você vai descobrir como é peculiar, o folclore de um povo, principalmente sobre as versões do apelido do Distrito.
"PINDURA - SAIA".
* Conta-se que quando aqui era tudo mato fechado, alguns homens montados a cavalo passando por aqui, avistaram um pedaço de pano vermelho no alto de uma árvore e começaram a comentar com outras pessoas que era uma saia de mulher e assim ficou conhecido na região como Pindura Saia, - visitantes e forasteiros não conhecendo a estória, faziam gracejos e chacotas, eram agredidos pelos moradores que não aceitavam a provocação e partiam para a briga, hoje é conhecido somente como "Pindura".
* O comentário era que uma mulher ficou bêbada e arrancou a saia e jogou para cima, a saia ficou dependurada, nos fios de energia tocados a motor, daquele dia em diante, as pessoas falavam que iriam lá no "Pindura Saia".
* Havia uma pessoa com uma caminhonete e quando foi embora tinha uma saia dependurada na caminhonete e assim ficou conhecido o lugar, de "Pindura Saia"..
* Passou um ônibus cheio de gente e eles viram, uma saia vermelha dependurada no varal e começaram a gritar "Olha a saia pendurada" e assim ficou, eu vou lá no "Pindura saia".
* Ouvi pessoas dizerem que quando estavam derrubando a mata, acharam uma saia vermelha dependurada numa árvore e então ficou esse apelido Pindura Saia.
BAIRRO RAUL MARINHO
Raul, Otavio e Mario Teixeira Marinho, procedente do Estado de Minas Gerais, chegaram a Jaborandi no ano de 1923 para procederem a derrubada de 800 alqueires que haviam adquiridos. Na época encontraram a cidade de Susuí (est, São Paulo) de onde iniciaram abertura de 16 quilômetros de estrada, até o Rio Paranapanema, juntamente com mais 20 famílias, foi uma verdadeira prova de arrojo e coragem dos irmãos Marinhos.
A derrubada das matas foi feita de machado e foice demorou vários meses de muito sacrifício, depois instalaram uma serraria e iniciaram o plantio de café em 1925. A família Marinha permaneceu em Itambaracá impulsionando com o passar do tempo o progresso do lugarejo e mais tarde o Senhor Raul Teixeira Marinho doou uma área de terra, onde já moravam alguns colonos formando um pequeno aglomerado. Além das casas já existentes foram constituídas uma Igreja e uma escola dando início assim ao Bairro hoje existente.
Os primeiros moradores foram os Senhores Luiz Nascimento, José de Freitas Guimarães (José Cesário) e Antonio Pedro Marinho, sendo este o primeiro comerciante do lugar.
Hoje o Bairro Raul Marinho possui: asfalto nas ruas principais, uma farmácia, vários estabelecimentos comerciais, Mini-Posto de Saúde, posto telefônico, praça, iluminação pública, poço artesiano e Ensino de 1º Grau (1º à 8º Séries). No campo destacam-se os cultivos de algodão, milho, soja, etc. Sendo a agricultura a atividade econômica básica dos que lá residem.